Das vezes que sai à procura de CD´s evangélicos foi só para a minha tristeza e decepção. Claro que encontrei trabalhos com beleza, rebuscados, inovadores, mas em maior proporção encontrei trabalhos feios, de extremo mau gosto e em nada comprometidos com a arte.
É teimosa a mania dos evangélicos de clonar; a cultura do “Ctrl c”; bater na mesma tecla, tema, expressões, melodias, ritmos que chega a saturação!
A maioria dos compositores usa expressões e palavras mais que batidas, sem nenhuma inovação e contribuição para o nosso repertório. A impressão que me dá é que essas criações são feitas de qualquer jeito, numa sentada só.
Não consigo imaginar esses compositores quebrando a cabeça; burilando as expressões; garimpando palavras; consultando dicionários; corrigindo ortografia, concordância, prosódia; “brigando” no processo criativo; rabiscando alguns papéis, jogando outros; caminhando para dar vazão ao insight, deixando o tema assentar no coração. O resultado são trabalhos muito semelhantes, sem originalidade e frágeis de conteúdos.
Minha sugestão para a nova safra de compositores (dos quais eu sou um!) é que deixemos engavetados os jargões, a mesmice por pelos menos 10 anos! E ousemos inovar, ousemos criar! Cantai ao Senhor um cântico novo!!!
Falemos de temas diversos, sacros ou não; criemos cenas, imagens diferentes; vamos rimar com mais diversidade; não usemos a palavra Senhor como muleta só para encaixar uma melodia interessante.
Não tenhamos medo das “ciladas” que a criação nos apronta, busquemos com diligência e arte sair delas.
Não nos apressemos em ter uma obra por definida, principalmente no momento da paixão e do fascínio. É prudente conferirmos no próximo dia se é aquilo mesmo que estávamos pensando; se não for não tenhamos receio de rasgar, ou rabiscar e nem preguiça de tentar “resolver”.
Façamos das caminhadas a nossa companheira no processo criativo; quando surgir um tema difícil de desenvolver andemos despretensiosamente por aí! Se a obra continuar truncada pelo menos queimamos algumas gordurinhas!
Vamos sair por aí cantarolando, numa dessas descobrimos um “moti” (motivo, tema) que vale à pena desenvolver. Se você não souber escrever música ande sempre com um gravador; sem o gravador em mãos se apresse para chegar em casa e pegar um instrumento para tocar a melodia. Guarde o “moti” com carinho, você vai encontrar uma letra para ele.
Escutemos Chico Buarque (o nosso maior letrista!) com o encarte na frente e nos encantemos com sua “pena”. Ler comentários de suas letras, fazer análises harmônica e melódica de suas canções é uma verdadeira aula de composição! (Sugiro adquirir seu songbook).
Ler romances percebendo a riqueza de detalhes, a descrição das cenas, a criação de figuras e dos personagens atiça nossa imaginação.
A poesia é rica em sintetizar temas; ela não satura o tema, apenas sugere. Como diz Rubem Alves “a poesia é a tentativa de dizer o inefável!”. Leiamos sem pressa, degustando cada verso, rima e nos deixemos sensibilizar por ela!
Tem muita coisa boa evangélica sendo feita por aí; muita gente que não está na mídia, de produção independente com ótimo resultado. Garimpemos esses caras!
Oremos com os salmos! Estudando-os podemos perceber a habilidade daqueles poetas. Eles cantavam seus lamentos, medos, exílios, vitórias, a criação, a beleza do Senhor; eram homens comprometidos com sua cultura (precisamos dessa influência!).
Ler os Evangelhos com os olhos nas ações e reações de Jesus, o Mestre das palavras, o Verbo de Deus é fascinante! Atente para o uso de suas metáforas, trocadilhos, parábolas. Por exemplo, no episódio da mulher do poço não teriam melhores expressões para usar do que as expressões que Cristo usou: “água da vida”, “dá-me de beber”, “sede”, “fonte de água a jorrar” (Jo 4.). Note que a mulher tinha sede física, sede de intimidade (foi rejeitada 5 vezes) e sede de transcendência (“qual o local da adoração”). Jesus não é perspicaz?
Estejamos atentos às palavras que podem fazer pontes com o próximo. Ouçamos a sua palavra - a sua necessidade vai nos dizer qual é a Palavra!
Talvez seguindo essas recomendações vamos produzir menos, porém com mais originalidade e conteúdo.
O Reino conta com a contribuição de cada um: o modo de ver o mundo, de pensar Deus, de cantar as dores, alegrias, esperanças, fragilidade...
Que as pessoas possam ler nossas letras e cantar com Milton Nascimento
Certas canções que ouço
cabem tão dentro de mim
que perguntar carece:
como não fui eu que fiz?!(...)
Um abraço do parceiro de garimpo!
É teimosa a mania dos evangélicos de clonar; a cultura do “Ctrl c”; bater na mesma tecla, tema, expressões, melodias, ritmos que chega a saturação!
A maioria dos compositores usa expressões e palavras mais que batidas, sem nenhuma inovação e contribuição para o nosso repertório. A impressão que me dá é que essas criações são feitas de qualquer jeito, numa sentada só.
Não consigo imaginar esses compositores quebrando a cabeça; burilando as expressões; garimpando palavras; consultando dicionários; corrigindo ortografia, concordância, prosódia; “brigando” no processo criativo; rabiscando alguns papéis, jogando outros; caminhando para dar vazão ao insight, deixando o tema assentar no coração. O resultado são trabalhos muito semelhantes, sem originalidade e frágeis de conteúdos.
Minha sugestão para a nova safra de compositores (dos quais eu sou um!) é que deixemos engavetados os jargões, a mesmice por pelos menos 10 anos! E ousemos inovar, ousemos criar! Cantai ao Senhor um cântico novo!!!
Falemos de temas diversos, sacros ou não; criemos cenas, imagens diferentes; vamos rimar com mais diversidade; não usemos a palavra Senhor como muleta só para encaixar uma melodia interessante.
Não tenhamos medo das “ciladas” que a criação nos apronta, busquemos com diligência e arte sair delas.
Não nos apressemos em ter uma obra por definida, principalmente no momento da paixão e do fascínio. É prudente conferirmos no próximo dia se é aquilo mesmo que estávamos pensando; se não for não tenhamos receio de rasgar, ou rabiscar e nem preguiça de tentar “resolver”.
Façamos das caminhadas a nossa companheira no processo criativo; quando surgir um tema difícil de desenvolver andemos despretensiosamente por aí! Se a obra continuar truncada pelo menos queimamos algumas gordurinhas!
Vamos sair por aí cantarolando, numa dessas descobrimos um “moti” (motivo, tema) que vale à pena desenvolver. Se você não souber escrever música ande sempre com um gravador; sem o gravador em mãos se apresse para chegar em casa e pegar um instrumento para tocar a melodia. Guarde o “moti” com carinho, você vai encontrar uma letra para ele.
Escutemos Chico Buarque (o nosso maior letrista!) com o encarte na frente e nos encantemos com sua “pena”. Ler comentários de suas letras, fazer análises harmônica e melódica de suas canções é uma verdadeira aula de composição! (Sugiro adquirir seu songbook).
Ler romances percebendo a riqueza de detalhes, a descrição das cenas, a criação de figuras e dos personagens atiça nossa imaginação.
A poesia é rica em sintetizar temas; ela não satura o tema, apenas sugere. Como diz Rubem Alves “a poesia é a tentativa de dizer o inefável!”. Leiamos sem pressa, degustando cada verso, rima e nos deixemos sensibilizar por ela!
Tem muita coisa boa evangélica sendo feita por aí; muita gente que não está na mídia, de produção independente com ótimo resultado. Garimpemos esses caras!
Oremos com os salmos! Estudando-os podemos perceber a habilidade daqueles poetas. Eles cantavam seus lamentos, medos, exílios, vitórias, a criação, a beleza do Senhor; eram homens comprometidos com sua cultura (precisamos dessa influência!).
Ler os Evangelhos com os olhos nas ações e reações de Jesus, o Mestre das palavras, o Verbo de Deus é fascinante! Atente para o uso de suas metáforas, trocadilhos, parábolas. Por exemplo, no episódio da mulher do poço não teriam melhores expressões para usar do que as expressões que Cristo usou: “água da vida”, “dá-me de beber”, “sede”, “fonte de água a jorrar” (Jo 4.). Note que a mulher tinha sede física, sede de intimidade (foi rejeitada 5 vezes) e sede de transcendência (“qual o local da adoração”). Jesus não é perspicaz?
Estejamos atentos às palavras que podem fazer pontes com o próximo. Ouçamos a sua palavra - a sua necessidade vai nos dizer qual é a Palavra!
Talvez seguindo essas recomendações vamos produzir menos, porém com mais originalidade e conteúdo.
O Reino conta com a contribuição de cada um: o modo de ver o mundo, de pensar Deus, de cantar as dores, alegrias, esperanças, fragilidade...
Que as pessoas possam ler nossas letras e cantar com Milton Nascimento
Certas canções que ouço
cabem tão dentro de mim
que perguntar carece:
como não fui eu que fiz?!(...)
Um abraço do parceiro de garimpo!
Comentários
Mas abrindo o leque...não, acho que não, se não cometerei outra injustiça... vamos ouvir de tudo e reter o que é bom!