Pular para o conteúdo principal

O QUE VIBRA EM MIM

Eu sei desse calafrio na minha alma que põe tudo em arrepio
os meus poros dilata
acelera o meu pulso
incha as minhas veias
e adestra os meus pés para o percurso
Sei da ebulição nas minhas entranhas que evapora à eternidade
que com nada menor se satisfaz
e por me deixar descontente
rumo à excelência me coloca
Conheço a fragrância que foge
que persigo e não retenho
que sopra quando e onde quer...
...esse gosto do bem que vai e volta, memoriando e recordando!
Sei da sede de beleza que me faz Caeiro –
o poeta das sensações –
e me aproxima do vinho, do poente sol,
do jasmim, da música e poesia
e então só sei o que sinto...
Sou desconceituado e silenciado e feliz!
Tenho a ciência de quem põe a voz em mim a gritar
inquieta, revoltosa, subversiva clamando por justiça e salvação
Sei de quem reverbera em mim com todas as freqüências
em enésimos decibéis, ondas e ecos
desde o ponto atrás da primeira luz
depois da linha fina do horizonte que não se vê
a Enseada da soma dos desejos de todos os homens
onde mora o silêncio, a ternura, a tolerância...

É aquele que vibra, que dá ação, que dinamiza...
o Verbo de Deus, o Verbo com Deus, o Verbo Deus!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Pureza de coração é desejar uma única coisa" (Sören Kierkegaard). Inspirado nessa verdade escrevi esta canção.

O Único Necessário Venha lapidar o meu querer possa meus desejos converter já sei o que pra mim é elementar mas luto contra o mal que perto está! Muitas são as fontes pra beber que distraem o meu interior de todas essas quero me abster - suspira o meu ser pelo Senhor! Tu és o meu único Desejo realmente nobre e necessário o jejum de ti é imprudência o seu rumo encontra a falência És Jesus, o Pão que me dá Vida Água que da Sede me sacia o Endereço certo da chegada Casa boa pra minha pousada!

Dúvida (Bartolomeu Campos de Queirós)

Dúvida (BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS) "É só a dúvida que nos une, que nos aproxima. É só disso que precisamos. Precisamos de amparo com a nossa dúvida. E a literatura nos ampara. Tenho muito medo da verdade. Não acredito que haja nada verdadeiro. Tive um professor de filosofia, o padre Henrique Vaz, para quem eu perguntei “o que era a fé”. Ele me respondeu que a fé é a dúvida. Tem dias que você tem muita, tem dias que tem pouca, tem dias que não tem nenhuma. Isso se chama fé, porque nos é possível somente a dúvida. Hoje, estamos com muita gente encontrando a verdade. Quando uma pessoa encontra a verdade, a única coisa que ela adquire é a impossibilidade de escutar o outro. Ela só fala, não escuta mais. Quem encontra a verdade só fala."

Deus não é perfeccionista.

No livro de Gênesis, na poesia da criação, há um refrão que o Criador repete de boca cheia ao contemplar a obra que havia feito: “Bom. Bom. Muito bom!” . A frase traduz muito mais um deleite, uma gratidão – festa da memória – do que uma constatação de ter alcançado a perfeição, o definitivo, o acabado. Reflita. O Criador conseguiria ou não aperfeiçoar os mares, o sol, as estrelas? Melhorar um pêssego? Se sim, as estrelas, o sol, os mares, o pêssego não são perfeitos, apesar de serem maravilhosos! Mas para Deus já estava bom. Não estava perfeito, mas Deus deu por encerrada a sua obra. E com gratidão. Lembre-se também da frustração de Deus com as decisões livres dos homens e mesmo assim sua estima, gratidão e esperança pela humanidade não se cansam. Quem sofre com o perfeccionismo não se deleita porque não consegue terminar o que está fazendo. Nunca se dá por satisfeito porque nunca alcança a perfeição. “Bom” para um perfeccionista é muito ruim. Para ele tem que ser perfeito. D