Toda história da revelação é a da conversão progressiva de um Deus visto como Deus de poder a um Deus adorado como amor. E dizer que Deus é amor é dizer que Deus é todo amor.
Tudo está neste “É TODO”. Eu os convido a passar pelo fogo da negação, pois só além dele é que a verdade realmente se destaca. Deus é Todo-poderoso? Não. Deus é todo Amor, não me venham dizer que ele é Todo-poderoso. Deus é infinito? Não, Deus é todo Amor, não me falem de outra coisa. Deus é sábio? Não. Eis o que chamo atravessar o fogo da negação: é absolutamente necessário passar por isso. A todas perguntas a mim dirigidas, responderei: não! não! Deus é todo Amor.
Dizer que Deus é Todo-poderoso é propor como pano de fundo um poderio que se pode exercer pela dominação, pela destruição. Há seres suficientemente poderosos para a destruição (vejam Hitler, que matou seis milhões de judeus).
Muitos cristãos propõem o Todo-poderoso como pano de fundo e depois acrescentam: Deus é amor, Deus nos ama. Isso é falso!Se Deus é Todo-poderoso, ele o é pelo amor, o amor é que é Todo-poderoso
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Às vezes dizemos: “Deus pode tudo!” Não, Deus não pode tudo, Deus só pode o que o amor pode. Pois ele é todo amor. E todas as vezes que saímos da esfera do amor erramos sobre Deus e estamos em vias de fabricar algum tipo de Júpiter.
Espero que vocês captem a diferença fundamental que há entre um todo-poderoso que nos ama e um amor todo-poderoso. Um amor todo-poderoso não só é incapaz de destruir seja o que for, como é capaz de enfrentar a morte.
Em Deus não existe outro poder além do poder do amor, e Jesus nos diz (ele é que nos revela quem é Deus): “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (João 15:13). Ele nos revela o poder total do amor ao consentir em morrer por nós. Quando Jesus, no Jardim das Oliveiras, foi flagrado pelos soldados, preso e amarrado, ele mesmo nos disse que poderia ter apelado para legiões de anjos, que o arrebatariam das mãos dos soldados. Absteve-se de fazê-lo, pois nos teria assim revelado um falso Deus, teria revelado um todo-poderoso, ao invés de nos revelar o verdadeiro, aquele que vai até a morte pelos que ama. A morte de Cristo nos revela o que é o poder total de Deus; não um poder de esmagamento, de dominação; não é um poder arbitrário, do qual diríamos: “Que estará ele tramando lá em cima?” Não, ele é todo amor, e esse amor é todo-poderoso.
Reintegro os atributos de Deus (poder absoluto, sabedoria, beleza…), mas esses são atributos do amor. Daí a fórmula que lhes proponho: “O amor não é um atributo de Deus, entre outros, mas os atributos de Deus são os atributos do amor”.
O amor é todo-poderoso.
O amor é sábio.
O amor é belo.
O amor é infinito.
Que é um amor todo-poderoso? É aquele que atinge o ápice do amor. E o poder total do amor é a morte: ir até o ápice do amor é morrer por quem se ama. É igualmente perdoá-lo. Se há entre vocês quem haja passado pela dolorosa experiência de uma rixa em família, ou num grupo de amigos, saberá até que ponto é difícil perdoar verdadeiramente. É preciso um amor rudemente poderoso para perdoar, perdoar realmente. É preciso o poder de amar!
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