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Sobre a Trindade - Leonardo Boff

A teologia restringiu-se, normalmente, à reflexão formal sobre o mistério da comunhão trinitária. Procurava-se penetrar racionalmente no sol ofuscador que é a própria essência do Deus trino. No termo desta diligência está o silêncio respeitoso. Toda falta que ultrapassar as barreiras da percepção do mistério se transforma em tagarelice e gera o sentimento de profanação do Sacrossanto. Assim é a situação humana quando confrontada com a Trindade imanente. Se não podemos nem devemos falar; podemos, entretanto, cantar e louvar. Cesse a razão, ganhe asas a imaginação. Foi assim que fizeram os místicos a quem foi dada a graça de intuírem a convivência trinitária. São três distintos, como que desembocaduras de três caudais sem margens formando um só oceano de vida e amor. São três olhares distintos constituindo uma só visão. A autodoação de um ao outro, o conúbio dos Três num só amor porduz glória e alegria sem fim. O fluxo e o refluxo, a diástole e a sístole dos divinos Três se interpenetrando e se inundando na força da perene comunicação produz o êxtase do amor. O entrelaçamento das divinas Pessoas faz emergir a intimidade, o aconchego e a expansão da ternura, próprias da felicidade eterna. Esta felicidade é a própria Trindade se mostrando como Trindade de Pessoas distintas na unidade de uma mesma comunhão, de um só amor e de uma única vida, comunicada, recebida e devolvida.

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"Pureza de coração é desejar uma única coisa" (Sören Kierkegaard). Inspirado nessa verdade escrevi esta canção.

O Único Necessário Venha lapidar o meu querer possa meus desejos converter já sei o que pra mim é elementar mas luto contra o mal que perto está! Muitas são as fontes pra beber que distraem o meu interior de todas essas quero me abster - suspira o meu ser pelo Senhor! Tu és o meu único Desejo realmente nobre e necessário o jejum de ti é imprudência o seu rumo encontra a falência És Jesus, o Pão que me dá Vida Água que da Sede me sacia o Endereço certo da chegada Casa boa pra minha pousada!

Dúvida (Bartolomeu Campos de Queirós)

Dúvida (BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS) "É só a dúvida que nos une, que nos aproxima. É só disso que precisamos. Precisamos de amparo com a nossa dúvida. E a literatura nos ampara. Tenho muito medo da verdade. Não acredito que haja nada verdadeiro. Tive um professor de filosofia, o padre Henrique Vaz, para quem eu perguntei “o que era a fé”. Ele me respondeu que a fé é a dúvida. Tem dias que você tem muita, tem dias que tem pouca, tem dias que não tem nenhuma. Isso se chama fé, porque nos é possível somente a dúvida. Hoje, estamos com muita gente encontrando a verdade. Quando uma pessoa encontra a verdade, a única coisa que ela adquire é a impossibilidade de escutar o outro. Ela só fala, não escuta mais. Quem encontra a verdade só fala."

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