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Ser ou Seres


Ser plenamente eu.

Cosmopolitamente.

Dilatado, compacto, coletivo.

Líquido, sólido e gasoso.

Ser o que não posso ser em outro lugar

O que desisti de ser

o que sonhei ser e fracassei

O que não quis ser e me consolei

Ser o que não posso ser

Ser o que serei e ser hoje

Em todas as partes e de todas as formas

ser o quanto suporto

o quanto existe, o quanto me caibo

- Uma praia de existência!

Ser o que escolho, o que me escolhem

Re-significando, adequando, revoltando...

Ser do outro e de mim

a partir de mim e do outro

Ser original e plagiador

Com vários olhos, lentes e biografias

lançando mão de todos os léxicos,

enciclopédias, jornais, revistas e sites

Ser todos os poetas, músicos, romancistas

teólogos, filósofos, historiadores, educadores

em ebulição dentro de mim

Ser de todas as tribos, raças e exércitos

ser do globo e do meu quintal...

...É a licença da poesia - a arte da esquizofrenia!

Comentários

Alex Carrari disse…
Envolvente exercício das letras Márcio. Me fez lembrar José Chagas em versos de OS CANHÕES DO SILÊNCIO. Uma dose crepuscular de beleza e enlevo que veio redimir as horas que me escaparam.

Grande abraço,

Alex Carrari
"Ser do globo e do meu quintal" heheheh!!!!
Parabéns, Márcio!!!

Abração!

www.estradasou.blogspot.com
Unknown disse…
Muito bom Márcio !
É a 'arte da esquizofrenia' .. =P

[],s

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O Único Necessário Venha lapidar o meu querer possa meus desejos converter já sei o que pra mim é elementar mas luto contra o mal que perto está! Muitas são as fontes pra beber que distraem o meu interior de todas essas quero me abster - suspira o meu ser pelo Senhor! Tu és o meu único Desejo realmente nobre e necessário o jejum de ti é imprudência o seu rumo encontra a falência És Jesus, o Pão que me dá Vida Água que da Sede me sacia o Endereço certo da chegada Casa boa pra minha pousada!

Dúvida (Bartolomeu Campos de Queirós)

Dúvida (BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS) "É só a dúvida que nos une, que nos aproxima. É só disso que precisamos. Precisamos de amparo com a nossa dúvida. E a literatura nos ampara. Tenho muito medo da verdade. Não acredito que haja nada verdadeiro. Tive um professor de filosofia, o padre Henrique Vaz, para quem eu perguntei “o que era a fé”. Ele me respondeu que a fé é a dúvida. Tem dias que você tem muita, tem dias que tem pouca, tem dias que não tem nenhuma. Isso se chama fé, porque nos é possível somente a dúvida. Hoje, estamos com muita gente encontrando a verdade. Quando uma pessoa encontra a verdade, a única coisa que ela adquire é a impossibilidade de escutar o outro. Ela só fala, não escuta mais. Quem encontra a verdade só fala."

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