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Citação de S. Ireneu de Lião no livro "Recuperar a Salvação", de Andrés Queiruga

Se alguém perguntasse: "por acaso, Deus não poderia ter feito o homem, desde o princípio, perfeito?", seria bom que soubesse que, em relação a Deus, que é ingênito e imutável, tudo é possível; mas quanto a suas criaturas, precisamente porque tiveram início num tempo determinado, eram inferiores ao Criador (...).
A mãe poderia subministrar alimento sólido ao bebê, mas este não seria capaz de digeri-lo, por se o alimento mais forte do que ele. Assim Deus poderia ter dado a perfeição ao ser humano desde o princípio, mas este não teria sido capaz de recebê-la. Por isso nosso Senhor, nos últimos tempos, recapitulando tudo em si mesmo, veio ao nosso encontro, mas como nós podíamos vê-lo. Ele poderia ter vindo até nós em sua glória indescritível, mas senso assim não poderíamos ter suportado o peso de sua majestade. Por isso, aquele que era o Pão perfeito do Pai apresentou-se-nos como a crianças. Em sua segunda vinda à natureza humana, apresentou-se como leite, a fim de que, alimentados, por assim dizer, nos peitos de sua carne e acostumados com tal amamentação a comer e beber do Verbo de Deus e do pão imortal que é o Espírito do Pai, pudéssemos recebê-lo e guardá-lo em nós.

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O Único Necessário Venha lapidar o meu querer possa meus desejos converter já sei o que pra mim é elementar mas luto contra o mal que perto está! Muitas são as fontes pra beber que distraem o meu interior de todas essas quero me abster - suspira o meu ser pelo Senhor! Tu és o meu único Desejo realmente nobre e necessário o jejum de ti é imprudência o seu rumo encontra a falência És Jesus, o Pão que me dá Vida Água que da Sede me sacia o Endereço certo da chegada Casa boa pra minha pousada!

Dúvida (Bartolomeu Campos de Queirós)

Dúvida (BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS) "É só a dúvida que nos une, que nos aproxima. É só disso que precisamos. Precisamos de amparo com a nossa dúvida. E a literatura nos ampara. Tenho muito medo da verdade. Não acredito que haja nada verdadeiro. Tive um professor de filosofia, o padre Henrique Vaz, para quem eu perguntei “o que era a fé”. Ele me respondeu que a fé é a dúvida. Tem dias que você tem muita, tem dias que tem pouca, tem dias que não tem nenhuma. Isso se chama fé, porque nos é possível somente a dúvida. Hoje, estamos com muita gente encontrando a verdade. Quando uma pessoa encontra a verdade, a única coisa que ela adquire é a impossibilidade de escutar o outro. Ela só fala, não escuta mais. Quem encontra a verdade só fala."

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No livro de Gênesis, na poesia da criação, há um refrão que o Criador repete de boca cheia ao contemplar a obra que havia feito: “Bom. Bom. Muito bom!” . A frase traduz muito mais um deleite, uma gratidão – festa da memória – do que uma constatação de ter alcançado a perfeição, o definitivo, o acabado. Reflita. O Criador conseguiria ou não aperfeiçoar os mares, o sol, as estrelas? Melhorar um pêssego? Se sim, as estrelas, o sol, os mares, o pêssego não são perfeitos, apesar de serem maravilhosos! Mas para Deus já estava bom. Não estava perfeito, mas Deus deu por encerrada a sua obra. E com gratidão. Lembre-se também da frustração de Deus com as decisões livres dos homens e mesmo assim sua estima, gratidão e esperança pela humanidade não se cansam. Quem sofre com o perfeccionismo não se deleita porque não consegue terminar o que está fazendo. Nunca se dá por satisfeito porque nunca alcança a perfeição. “Bom” para um perfeccionista é muito ruim. Para ele tem que ser perfeito. D