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Por favor, leiam o livro Repintando a Igreja, de Rob Bell, Ed Vida. (Abaixo recortes do seu livro)


Durante centenas de anos, os seguidores de Jesus, assim como os artistas, entenderam que é preciso prosseguir, estudando meios de vier em harmonia com Deus e uns com os outros. A tradição da fé cristã é cheia de mudanças, crescimento e transformação. Jesus teve parte nesse processo, levando as pessoas a repensar a fé, a Bíblia, o amor, a esperança, tudo enfim, e convidando-as a tomar parte em um processo infindável de prática de vida, de viver da maneira que Deus planejou que vivêssemos.
O desafio para os cristão é, então, viver com paixão e convicção sem medida, permanecendo abertos e flexíveis, conscientes de que esta vida não é o quadro definitivo.
Os tempos mudam. Deus não muda, mas o tempo, sim. Nós aprendemos e crescemos, o mundo a nossa volta muda, e a fé cristão é viva apenas quando é ouvida, retocada, inovada, quando abandona tudo que atrapalhas no caminho de Jesus e adota tudo quanto nos ajudará a ser cada vez mais o povo que Deus quer que sejamos.
Há inúmeros exemplos desse processo contínuo, mas vou mencionar apenas um. Cerca de 500 anos atrás, um homem chamado Martinho Lutero fez uma série de perguntas a respeito do quadro que a igreja estava apresentando ao mundo. Ele insistiu em que a graça de Deus não podia ser comprada com dinheiro nem com boas obras. Seu desejo era que todos tivessem seu próprio exemplar da Bíblia na língua que falavam e liam. Lutero afirmava que todos tinham um chamado divino para servir a Deus, não apenas os clérigos, que tinham ofícios nas igrejas. Essa idéia era revolucionária para o mundo da época. Lutero expunha conceitos ímpares a seus ouvintes. Eles lhe davam ouvidos. E aconteceu algo grande, um fato histórico. As coisas mudaram. Milhares de pessoas tiveram acesso a Deus de maneiras até então desconhecidas.
Isso não parou por aí. Lutero estava assumindo lugar num extenso rol de pessoas que jamais pararam de repensar e redesenhar a fé. Retirando camadas de tinta desnecessárias e, ao mesmo tempo, redescobrindo elementos essenciais que se haviam perdido. A obra de arte de Lutero foi parte do que veio a ser conhecido depois como Reforma. Graças a esse movimento, as igrejas contra as quais ele falava passaram por seu próprio processo de revisão e remodelamento, realizando mudanças importantes.
E o processo não cessou.
Não pode.
Na verdade, as pessoas contemporâneas de Lutero empregaram uma palavra muito específica para esse processo interminável e absolutamente necessário de mudanças e crescimento. Eles não empregavam a palavras reformada; empregavam a palavras reformando. Essa distinção é essencial. Tinham consciência de que o que eles diziam e faziam, escreviam e decidiam precisaria ser revisitado. Revisado. Reelaborado
Eu faço parte dessa tradição.
Faço parte de uma corrente histórica e mundial de pessoas que crêem que Deus não nos deixou sozinhos, mas está envolvido na história humana desde o início. São pessoas que crêem que, em Jesus, Deus habitou entre nós de maneira singular e poderosa, mostrando-nos um novo tipo de vida. Dando a cada um de nós uma nova perspectiva para nossa vida em comunhão, para o mundo em que vivemos.

Como parte dessa tradição, eu abraço a necessidade de continuar pintando, continuar reformando.
Com isso não quero me referir a mudanças plásticas, superficiais, como melhor iluminação e música, imagens mais nítidas e métodos inovadores com passos fáceis de seguir. Quero dizer teologia: convicções acerca de Deus, de Jesus, da Bíblia, da salvação e do futuro. Precisamos continuar reformando a maneira de definir a fé cristã, a maneira de vivê-la e explicá-la.
Jesus é mais convincente que nunca. Mais convidativo, mais verdadeiro, mas misterioso que nunca. O problema não é Jesus, o problema é o que vem com Jesus.
Para muitos, a palavra cristão está associada a todo tipo de imagens que nada dizem sobre que é Jesus e sobre a maneira pela qual nos ensinou a viver. Isso precisa mudar.
Por outro lado, para outros, o quadro funciona para os pais, ou já lhes deus algum sentido quando estavam crescendo, mas agora perdeu o sentido. Não combina. Está ultrapassado. Nada tem a dizer ao mundo em que vivem diariamente. Não que não haja verdade nessa pintura, nem que todos o que vieram antes estavam mal-informados ou se enganaram. Trata-se apenas de que toda geração não pode furtar-se a fazer as perguntas-chaves sobre o que significa ser cristão aqui e agora, isto é, no lugar em que estão e no momento em que vivem.
É o que em geral acontece. Alguém surge com uma nova perspectiva da fé cristã. As pessoas são inspiradas. Um movimento tem início. A fé que estava enfraquecendo e morrendo agora renasce. Mas, então, o pioneiro do movimento morre, e os discípulos param de buscar, experimentar, pôr à prova. Eles passam a aceitar, equivocadamente, que as palavras do líder foram definitivas sobre o assunto; assim congelam as palavras do líder. Esquecem-se de que, ao contrário da pessoa inovadora, que fazia sua parte para avançar, outras pessoas tão-somente faziam parte da discussão que continuará para sempre. Desse modo, comprometidos com o que fulano e beltrano disseram e fizeram, os seguidores acabam congelando a fé.

Comentários

Anônimo disse…
Tô devendo a leitura do livro "A Cabana"!!! O proximo será este que vc está indicando!!! eheheheh!!! Um forte abraço!!!
Obs: Eu não vou mais implorar pela cifra da música Silenciar.

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