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Bruno Forte citando Agostinho em seu livro "A porta da beleza"

O que amo quando Te amo? Não a beleza corporal, a formosura da idade, nem o fulgor da luz, tão caro a meus olhos, nem as doces melodias de cânticos de todos os tipos, nem a fragrância das flores, dos perfumes, dos aromas; nem o maná ou o mel, nem os membros tão susceptíveis aos abraços da carne. Não é isso que amo quando amo meu Deus. Amo, no entanto, em certo sentido a luz, o som, perfume, alimento, abraço de meu homem interior que mora em mim; onde refulge em minha alma uma luz que não tem limites de espaço, um espaço que não desaparece no tempo, um perfume que o vento não espalha, um sabor que o apetite não diminui, um abraço que a saciedade não desfaz. Tudo isso amo, quando amo a meu Deus. E o que é tudo isto? Perguntei à Terra e ela me respondeu: "Não sou eu". E todas as coisas que nela existem declararam o mesmo. Interroguei os mares e suas profundezas, os seres vivos que aí se movem, e responderam: "Não somos teu Deus. Procura mais acima de nós!" Disse então a tudo o que estava diante das portas de meus sentidos: "Se não são vocês, digam-me alguma coisa de meu Deus, falem-me dele". E com voz forte responderam: "É o nosso Criador!" Perguntar era minha intenção; a beleza delas era sua resposta".

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"Pureza de coração é desejar uma única coisa" (Sören Kierkegaard). Inspirado nessa verdade escrevi esta canção.

O Único Necessário Venha lapidar o meu querer possa meus desejos converter já sei o que pra mim é elementar mas luto contra o mal que perto está! Muitas são as fontes pra beber que distraem o meu interior de todas essas quero me abster - suspira o meu ser pelo Senhor! Tu és o meu único Desejo realmente nobre e necessário o jejum de ti é imprudência o seu rumo encontra a falência És Jesus, o Pão que me dá Vida Água que da Sede me sacia o Endereço certo da chegada Casa boa pra minha pousada!

Dúvida (Bartolomeu Campos de Queirós)

Dúvida (BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS) "É só a dúvida que nos une, que nos aproxima. É só disso que precisamos. Precisamos de amparo com a nossa dúvida. E a literatura nos ampara. Tenho muito medo da verdade. Não acredito que haja nada verdadeiro. Tive um professor de filosofia, o padre Henrique Vaz, para quem eu perguntei “o que era a fé”. Ele me respondeu que a fé é a dúvida. Tem dias que você tem muita, tem dias que tem pouca, tem dias que não tem nenhuma. Isso se chama fé, porque nos é possível somente a dúvida. Hoje, estamos com muita gente encontrando a verdade. Quando uma pessoa encontra a verdade, a única coisa que ela adquire é a impossibilidade de escutar o outro. Ela só fala, não escuta mais. Quem encontra a verdade só fala."

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No livro de Gênesis, na poesia da criação, há um refrão que o Criador repete de boca cheia ao contemplar a obra que havia feito: “Bom. Bom. Muito bom!” . A frase traduz muito mais um deleite, uma gratidão – festa da memória – do que uma constatação de ter alcançado a perfeição, o definitivo, o acabado. Reflita. O Criador conseguiria ou não aperfeiçoar os mares, o sol, as estrelas? Melhorar um pêssego? Se sim, as estrelas, o sol, os mares, o pêssego não são perfeitos, apesar de serem maravilhosos! Mas para Deus já estava bom. Não estava perfeito, mas Deus deu por encerrada a sua obra. E com gratidão. Lembre-se também da frustração de Deus com as decisões livres dos homens e mesmo assim sua estima, gratidão e esperança pela humanidade não se cansam. Quem sofre com o perfeccionismo não se deleita porque não consegue terminar o que está fazendo. Nunca se dá por satisfeito porque nunca alcança a perfeição. “Bom” para um perfeccionista é muito ruim. Para ele tem que ser perfeito. D