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Mostrando postagens de 2012

Minhas invenções

Eu sou todas as minhas invenções. Tudo o que crio e o que penso tem o meu desejo e suor. Eu sou as minhas dúvidas e as minhas verdades os meus credos e preconceitos. As minhas angústias, soluços, calafrio os meus bosques misteriosos, os meus rios turvos os outonos boa parte do ano, tudo sou eu. Eu sou a minha metafísica e a minha imanência o meu medo da morte e a minha reinvenção. Eu sou os meus amores e paixões. Eu sou a doença que inventei os remédios que tomei os livros que li. Eu sou a invenção de mim e a sua projeção. Minha visão de mundo eu mesmo fiz com o que recolhi do Universo. E só recolhi do Universo aquilo que já era eu. Eu sou a fome de mim a liberdade e a reticência... Está tudo em casa! Márcio Cardoso

Dilatação

Eu sou tantos dentro de mim que quase me explodo Eu só me caibo Graças ao meu coeficiente de dilatação Mesmo assim, quando eu me dilato, Uma outra possibilidade de mim se impõe Quando o meu corpo esfria Este quase eu, que se esboçava, Para não escapar pelos meus poros Se divide entre os outros Alterando a sua substância E nessa dinâmica Cada vez que eu me divido eu me multiplico. Márcio Cardoso

O Escrevente

Eu sou quem me habita E também quem é habitado Eu sou aquele que me observa E também quem é observado Pelo lado de dentro e pelo lado de fora Eu sou o que tem ideias mais nobres E aquele que pensa vilezas Eu sou aquele que censurou uma ação E aquele que permitiu o indesejado Eu sou todo humano Eu sou aquele que ainda não virou palavras Os pensamentos que nem sequer ousei dar linguagem Eu sou essa entidade E o que escreve a seu respeito.

Observador

Não gosto de ser vigiado Esse sujeito, que sou eu mesmo, Passa o dia inteiro me observando Como que fiscalizando minhas ações Condenando meus pecados E censurando os meus arroubos Quando olho para ele me desconcentro Quando flagro o seu olhar ele some Ele vive de me ver, ele se alimenta de mim E eu dele. Márcio Cardoso

“Pois nele vivemos, nos movemos e existimos.”

Em muitos arraiais religiosos eu percebo com pesar um esforço olímpico para que Deus se faça presente, se manifeste, mostre a Sua glória, como se Deus estivesse na tangência da Terra esperando o momento para entrar em cena! Deus não precisa ser invocado para se fazer presente. Deus a tudo e a todos envolve, em tudo e em todos transparece, de tudo e de todos emerge. Os teólogos dizem que é Ele é onipresente. Deus está totalmente envolvido com a história humana desde o seu nascedouro. Deus não está à parte do mundo, do lado de lá, distante. Convocar um Deus que é Todo-Presença é, no mínimo, contraditório. Deus está conosco, seu nome é Emanuel. Sua presença se dá de forma modesta, velada e silenciosa. Como o ar que respiramos sem nos darmos conta, Deus é o nosso fôlego; como o sol, que desde o horizonte clareia o meu quarto sem que eu esteja olhando para ele, Deus me renova; como a raiz que nutre a árvore, assim é Deus - a seiva da vida. A presença de Deus é a causa da nossa existê

MÁSCARA, QUEM NÃO TEM?

O uso de máscaras não é uma prática exclusiva no período do carnaval. Todos nós usamos máscaras o ano inteiro. Quero dizer: dependendo dos momentos e ambientes, temos maneiras diferentes de nos comportar. Usar máscaras é uma prática comum daquele que aprendeu a polidez. Meu comportamento numa cerimônia de casamento é um, meu comportamento em casa é outro completamente diferente; minha postura num velório não é a mesma da minha postura num aniversário. Não, isso não é esquizofrenia, mas sim polidez. O problema é quando eu uso uma máscara não porque o ambiente me sugere um comportamento, mas porque eu quero de alguma maneira tirar vantagens. Uma coisa, por exemplo, é usar a “máscara” para um ambiente do trabalho; outra coisa é usar, no ambiente do trabalho, uma máscara para disputas de poderes e jogos políticos. Uma coisa é usar a máscara “ideal” num ambiente de negócios, outra coisa bem diferente é usar uma máscara para trapacear numa negociação. Uma coisa é usar uma “fantasia” par